quarta-feira, 17 de agosto de 2011

CLUBE DA ESQUINA

Milton Nascimento tinha acabado de chegar de Três Pontas, cidade onde morava a família e onde tocava na banda W's Boys com o pianista Wagner Tiso. Em Belo Horizonte foi tocar na noite com Marilton Borges, no grupo Evolussamba. Compondo e tocando com os amigos, despontava o talento, pondo o pé na estrada e na fama ao vencer o Festival de Música Popular Brasileira e ao ter uma de suas composições, "Canção do sal", gravada pela então novata Elis Regina.
                                                                  Milton Nascimento

Para Santa Teresa, a família Borges voltou em meados daquela década, levando consigo amigos e parceiros. Lô, que era ainda menino no edifício Levy, cresceu e encontrou-se fraterna e sonoramente com Milton. Veio seu amigo de infância Beto Guedes.  Um simples meio-fio da esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis, no bairro de Santa Tereza, em BH, onde meninos se encontravam, sonhadores, para tocar e cantar, mitificado na música de Milton, Lô e Márcio Borges - Noite chegou outra vez/ de novo na esquina os homens estão/ todos se acham mortais/ dividem a noite, a lua, até solidão... -, tornada hino de toda uma geração.
Aos nomes já citados, todos fãs dos Beatles e The Platters, novos integrantes vieram juntar-se: Flávio Venturini, Vermelho, Tavinho Moura, Toninho Horta, Beto Guedes e o letrista Fernando Brant. O nome do grupo foi idéia de Márcio Borges que ao ouvir a mãe perguntar dos filhos, ouvia a mesma resposta: "Estão lá na esquina, cantando e tocando violão." Em 1972 a EMI gravou o primeiro LP, Clube da Esquina, apresentando um grupo de jovens que chamou a atenção pelas composições engajadas, a miscelânea de sons e riqueza poética.
Milton, impressionado com o amadurecimento musical daquela geração, muito próxima da sua, que tinha visto crescer, encantado com as composições de Lô, muitas delas em parceria com  Beto, decidiu fazer do seu próximo disco, pela gravadora Emi-Odeon, mais do que um registro do Clube, um encontro que o eternizasse. Sob o signo da generosidade, nasceu Clube da Esquina, antológico álbum duplo, um marco para estas carreiras em gestação.
                           Milton Nascimento, Lô Borges e Beto Guedes

Milton Nascimento(Bituca), Márcio Borges, Fernando Brant foram o núcleo inicial do movimento musical que transformaria o panorama da MPB naquele início dos anos 60, paralelamente à Tropicália, juntando às influências da Bossa Nova, as novas sonoridades trazidas pelo rock britânico dos Beatles e os ecos barrocos da mineiridade e da tradição das igrejas.
Vieram o álbum duplo de mesmo nome, reunindo toda a turma: Milton, Lô, Beto, Wagner Tiso, Toninho Horta, Tavinho Moura, Ronaldo Bastos... O Clube da Esquina expandiu suas fronteiras, alcançou sucesso nacional e internacional, com as carreiras de Milton Nascimento e Toninho Horta, em especial.
A inspiração das esquinas de Santa Teresa permaneceu e fez fama. Em seu livro "Os sonhos não envelhecem", Márcio Borges conta a história do movimento musical e das principais personagens ligadas a ele e lembra quanta gente - a gaúcha Elis Regina, o carioca Gonzaguinha, o norte-americano Wayne Shorter, o multinacional Naná Vasconcellos - chegava em BH e ia direto para o bairro, atrás da esquina que inspirava tantas criações maravilhosas. Não podiam compreender que, para além da singeleza do bairro, havia o predestinado encontro de talentos de uma geração que veio para deixar a s Clube da Esquina foi um movimento musical nascido na década de 1960 em Minas Gerais e surgiu da grande amizade entre Milton Nascimento e os irmãos Borges (Marilton, Márcio e Lô), na cidade de Belo Horizonte, depois que Milton chegou à capital para estudar e trabalhar.
Considera-se que seus principais participantes tenham sido Tavinho Moura, Wagner Tiso, Milton Nascimento, Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta, Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Fernando Brant e os integrantes do 14 Bis, entre outros .
Integrantes do Movimento
Milton Nascimento
Em 1963, mudou-se para Belo Horizonte, onde conheceu alguns de seus futuros parceiros de Clube, como Fernando Brant e os irmãos Márcio e Lô Borges. Em 1964, fez “Novena”, “Gira Girou” e “Crença”, as primeiras parcerias com Márcio. Dois anos depois, Elis Regina gravou sua composição “Canção do Sal”. Em 1967, seu padrinho musical, o cantor Agostinho dos Santos, inscreveu em segredo três de suas músicas no II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. Milton é premiado como melhor intérprete e ganha o segundo lugar com “Travessia”. Nesse mesmo ano, lança seu primeiro trabalho solo. Um ano depois, Eumir Deodato o leva para apresentar-se e gravar nos EUA o LP “Courage”, que incluía “Bridges”, versão em inglês de “Travessia”. Em 1972, Milton gravou com seus amigos o álbum duplo “Clube da Esquina”, um dos discos mais seminais da MPB. Sua discografia é marcada por clássicos como “Milagre dos Peixes” (1974), “Minas” (1975), “Geraes” (1976), “Clube da Esquina 2” (1978), “Sentinela” (1980) e “Caçador de Mim” (1981), entre outros. Em 1998, seu disco “Nascimento” recebeu o Prêmio Grammy de melhor CD de World Music. Em 2003, o músico, cantor e compositor levou o Grammy Latino na categoria melhor canção brasileira em português pela música “Tristesse” (em parceria com Telo Borges).
Fernando Brant
No início dos anos 60, conheceu o amigo Milton Nascimento. Em 1967, Milton conseguiu convencê-lo a escrever sua primeira letra. Era “Travessia”.  Em 1969, conseguiu trabalho como jornalista na revista “O Cruzeiro”. Nesse mesmo ano, em Belo Horizonte, Brant e os amigos começaram a articular o projeto que se tornaria o Clube da Esquina. A parceria com Milton, Lô Borges, Tavinho Moura e outros membros do Clube mostrou-se muito produtiva, gerando mais de 200 canções, entre as quais há clássicos como “San Vicente”, “Saudade dos Aviões da Panair (Conversando no Bar)”, “Ponta de Areia”, “Maria, Maria”, “Para Lennon e McCartney”, “Canção da América” e “Nos Bailes da Vida”, entre muitas outras.
Márcio Borges
Grande amigo e parceiro musical de Milton Nascimento. É autor da letra de “Clube da Esquina”, sua primeira parceria com o irmão Lô.  Essa canção daria nome aos dois discos e ao movimento Clube da Esquina, de cujo núcleo formador Márcio é um dos pilares e principais letristas. Em 1996, escreveu o livro “Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina”. Atualmente reside na cidade de Belo Horizonte e dedica-se à direção do Museu Clube da Esquina, do qual é idealizador.

Lô Borges
Entre os 12 e 15 anos, no auge da Beatlemania, Lô montou com seu irmão Yé, Beto Guedes e Márcio Aquino o conjunto “The Beavers” (Os Castores) que só tocava Beatles e fez um relativo sucesso na capital mineira. Ainda na adolescência, voltou à Santa Tereza e lá compôs “Clube da Esquina” em parceria com Milton Nascimento e seu irmão Márcio. Por volta dos 17 anos, a convite de Milton, Lô mudou-se com Beto Guedes para o Rio de Janeiro a fim de conceber, gravar e co-assinar o disco “Clube da Esquina”.
Beto Guedes
Sua vida muda em 1969: sua música “Equatorial” (parceria com Lô e Márcio Borges) ganhou o quinto lugar no 1o. Festival Estudantil da Canção de Belo Horizonte.  Em 1972, mudou-se para o Rio de Janeiro com Lô e Milton Nascimento e participou da gravação do disco Clube da Esquina, no qual tocou baixo, guitarra, percussão e cantou. Depois de tocar com o grupo 14 Bis e gravar participações em discos de Milton, em 1977, Beto lançou seu primeiro álbum solo “A Página do Relâmpago Elétrico”, sucesso de público e crítica. Até 1986 lançaria mais oito discos. Na década de 90, faz apenas dois lançamentos e passa a se dedicar à mecânica e marcenaria, outro talento herdado do pai. Em 2001, lançou em DVD o grande show comemorativo de seus 50 anos realizado em Belo Horizonte, com Milton Nascimento, Jota Quest e Toni Garrido. Em 2004, Beto lançou seu novo disco com inéditas, “Em Algum Lugar”.
Toninho Horta
Aos 10 anos, Toninho começou a tocar violão e, aos 13, fez sua primeira composição, Barquinho Vem… Aos 19 anos, iniciou a carreira de músico profissional tocando na noite. Na adolescência, conheceu Milton Nascimento, Márcio e Lô Borges e Beto Guedes . aos dois últimos ensinou harmonia. Mas foi a partir do Festival de Belo Horizonte, em 1969, que começou a união musical do grupo. No final dos anos 60, foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou com artistas como Elis Regina. Em 1972, organizou arranjos de base, tocou guitarra, baixo e percussão no disco Clube da Esquina. Após 10 anos nos EUA, em 1999 retornou ao Brasil com uma carreira internacional consolidada. Hoje dedica-se ao seu selo Minas Records e a publicação do Livrão da Música Brasileira, compilação de cerca de 700 partituras, abrangendo desde Carlos Gomes até compositores contemporâneos.
Ronaldo Bastos
Na época em que estudava História na Faculdade Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, foi apresentado a Milton Nascimento. Com a canção “Três Pontas”, iniciou a parceria com Milton, que renderia clássicos como “Fé Cega, Faca Amolada”, “Nada Será Como Antes” e “Cravo e Canela”. Abandonou o curso de História e, mais tarde, formou-se em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Integrou o grupo de poesia marginal Nuvem Cigana. Contribuiu como letrista, capista e como organizador das composições do disco Clube da Esquina. Ao longo de sua trajetória profissional também foi parceiro de Tom Jobim, Caetano Veloso e Lulu Santos, com quem compôs o sucesso “Um Certo Alguém”. Paralelamente a atividade de letrista, dedicou-se a carreira de produtor musical e, em 1994, fundou o selo Dubas.
Wagner Tiso
O primeiro contato de Wagner com a música foi por meio das aulas de piano que a mãe ministrava ao mais velho de seus quatro irmãos. Ainda criança, adotou o acordeom como seu primeiro instrumento, o que o aproximou de outro menino acordeonista: Milton Nascimento. Mais tarde, contudo, escolheria o piano como seu principal instrumento. A fim de estudar, no início dos anos 60, mudou-se para Alfenas onde formou, com Milton e outros colegas, o W’s Boys, um conjunto que animaria os bailes da cidade. Anos depois, em Belo Horizonte, acompanhado do amigo Milton, montou o grupo Berimbau Trio. Nesse período ambos conheceram Marilton Borges e sua família – formava-se o embrião do Clube da Esquina. Os anos 60 estavam terminando, quando Wagner foi trabalhar no Rio de Janeiro, onde mora até hoje. No início dos anos 70, montou a banda de rock progressivo Som Imaginário, que acompanhou Milton em diversos shows e discos. Um deles foi o Clube da Esquina, em que Tiso tocou órgão e arranjou músicas. Em 1978, lançou o primeiro disco solo. Sua obra inclui, hoje, mais de 30 álbuns, inúmeras trilhas para o cinema, TV e teatro e cerca de 150 arranjos.
Flávio Venturini
.Seu primeiro instrumento foi o acordeom, mas ao tocar o piano que ficava no restaurante de seu pai, Flávio decidiu que esse seria seu instrumento musical. A veia de compositor aflora quando começa a comprar revistas com as músicas cifradas dos Beatles e passa a compor melodias para elas. Estuda piano na Fundação de Educação Artística, onde conhece Toninho Horta e participa de festivais. Faz o curso de formação de oficiais do exército onde conhece o Vermelho e acabam fazendo a primeira música juntos, chamada “Espaço Branco”, com a qual ganham o primeiro lugar no Festival de Música Estudantil. Nesse festival, conhece Beto Guedes, Lô Borges, Toninho Horta e Sirlan. É na garagem da casa de seus pais que é concebida a idéia de fazer os shows “Fio da Navalha”, que reuniu os artistas do Clube da Esquina. Em 1974, Flávio é convidado a gravar com Sá e Guarabyra, acaba integrando o grupo O Terço e muda-se para o Rio de Janeiro. Grava com Beto Guedes o álbum “A Página do Relâmpago Elétrico”. Em 1979, é lançado o álbum “Clube da Esquina 2”, no qual grava com Milton Nascimento sua música “Nascente”, que vira sucesso de público e crítica. Logo depois, forma com Hely, Magrão, Vermelho e seu irmão Cláudio Venturini o grupo 14 Bis, gravando oito álbuns. Em 1989, segue a carreira solo. Em 1994, ganha seu primeiro disco de ouro com o álbum “Noites com Sol”. Em 2005, reedita o grupo o Terço.
Marilton  Borges
Em meados dos anos 60, foi o primeiro dos Borges a conhecer e tocar com Milton Nascimento, que logo seria introduzido a toda a família. Em 1969, ao participar do Festival de Belo Horizonte, Marilton celebrou dois feitos: ganhou o segundo lugar, cantando a música de Tavinho Moura “Como Vai Minha Aldeia” e foi a primeira pessoa a tocar publicamente a canção “Clube da Esquina”, até então, uma desconhecida composição de seus irmãos Lô e Márcio e de Milton Nascimento. Apesar de fundamental para o surgimento do movimento, Marilton seguiu sua carreira musical independente do “Clube da Esquina”.
Telo Borges
Com 13 anos, começou a estudar piano, mas logo desinteressou-se. Com 14 anos, compôs a música “Voa Bicho” em parceria com o irmão Márcio Borges. Na adolescência, passava férias na casa de Milton Nascimento no Rio de Janeiro, onde aconteceu sua primeira experiência em estúdio ao participar da gravação do disco “Milagre dos Peixes”. Com 17 anos, se apaixonou e compôs “Vento de Maio”, que é gravada por Lô Borges e Elis Regina. Em seguida, saiu em turnê com o irmão Lô, participando do Projeto Pixinguinha. Participou da gravação do disco “Os Borges”. A partir do álbum “Sol de Primavera”, passou a integrar a banda de Beto Guedes. Em 2003, recebeu o Grammy Awards pela música intitulada “Tristesse” em parceria com Milton Nascimento.
Vermelho
Em 1968, o tenente Castro Moreira, ou melhor, Vermelho – cujo cabelo cor de fogo não deixava dúvidas sobre a origem seu apelido – entra no cenário musical dos Venturini. O futuro tecladista, arranjador e compositor do 14 BIS conheceu Flávio quando ambos serviam o exército. Os rapazes se divertiam cantando canções de Simon & Garfunkel, Beatles e também compondo para as namoradas. A primeira música que fizeram juntos se chama Eliane. A partir das suas participações em festivais, ainda em BH, conheceram outros letristas com quem também compuseram, como Murilo Antunes e Márcio Borges. A primeira participação de Vermelho em festivais, aconteceu em 1969, no Festival Estudantil da Canção de Belo Horizonte, que abriu as portas para a convivência com aqueles jovens músicos – Beto Guedes, Lô Borges, Tavinho Moura, Toninho Horta, Túlio Mourão – que mais tarde vieram a fazer parte do Clube da Esquina.
No Festival Universitário, a música “Espaço Branco” (Flávio e Vermelho) tirou o segundo lugar, defendida pelo grupo Terço em sua primeira formação, com Sérgio Hinds, Vinícius Cantuária e Jorge Amiden. Vermelho, também, fez parte da banda baiana Bendegó, que acompanhou Caetano Veloso em turnê. A partir de 1970, Vermelho sai rumo a Rio e a São Paulo. Participa do primeiro disco de Beto Guedes, pela EMI-Odeon, A Página do Relâmpago Elétrico e posteriormente, ao lado dos companheiros Flávio e Cláudio Venturini, Hely Rodrigues e Sergio Magrão, forma o 14 Bis, grupo onde Vermelho trabalha até hoje.
Cláudio Venturini
Sua mãe era proprietária de uma pensão onde moravam estudantes de medicina e Cláudio passou a ocupar a garagem, que virou seu quarto e estúdio. Lá aconteceram os ensaios do show “Fio da Navalha” e os ensaios de Beto Guedes, Toninho Horta e Tavinho Moura. Devido à sua experiência em eletrônica, tornou-se o operador de som oficial nos shows dos amigos. Cláudio teve como padrinho musical Lô Borges que o convidou a participar de sua banda e da gravação o disco “Via Láctea”. Atualmente, mora em Belo Horizonte e continua sua carreira no 14 Bis.
Sérgio Magrão
No final de 1970, Magrão trabalhou como técnico de som do Terço. No Festival de Música de Juiz de Fora, em Minas Gerais, que classificava para o FIC (Festival Internacional da Canção), substitui um baixista e defende a música “Casa no Campo” de Zé Rodrix, participando da apresentação junto com Sá e Tavito. Já em São Paulo começa a trabalhar com a dupla Sá e Guarabyra no estúdio de Rogério Duprat, especializado em jingles. Após integrar o Terço com Flávio Venturini e Sérgio Hinds, Magrão se dedica a própria agência de propaganda.
O 14 BIS nasce no pequeno estúdio que mantinha para gravar os jingles das campanhas.


Nelson Ângelo
Seu primeiro contato com o Clube da Esquina aconteceu entre 1962 e 1963, quando conheceu Márcio Borges e Milton Nascimento, em Belo Horizonte. A partir daí, foi conhecendo a turma, aprofundando sua amizade. Em 1966, aos 16 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro e tirou a carteira da Ordem dos Músicos. Multiinstrumentista, Nelson toca violão, percussão, piano e baixo. No disco Clube da Esquina tocou diversos instrumentos, com destaque para o baixo. Durante sua trajetória profissional conviveu com Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Raul Seixas, entre outros grandes nomes da MPB.
Aécio Flávio
Aécio é músico profissional desde os 17 anos.
Como vibrafonista e chefe de orquestra, participou do 1º. Festival de Música Popular de Minas Gerais, no Rio de Janeiro, onde Milton Nascimento atuou como contra-baixista em seu grupo.
Foi também em seu grupo que o irmão mais novo do contrabaixista Paulo Horta, Toninho Horta, deu seus primeiros acordes profissionais ao substituir o guitarrista Chiquito Braga que fora para o Rio de Janeiro.
Amigo de Marilton Borges e Célio Balona, era freqüentador assíduo do Ponto dos Músicos e da Boite Berimbau. Mudou-se para o Rio de Janeiro e lá passa a trabalhar com Carlos Lyra, realizando vários shows e acompanhando artistas como Baden Powell, Taiguara, Fafá de Belém, Nana Caymmi, Marília Pêra etc. Como professor Aécio trabalhou no Rio de Janeiro para o Instituto Pão de Açúcar de Desenvolvimento Humano, com o projeto Acordes da Vila, onde dava aulas para crianças de oito anos em diante. Hoje Aécio vive em Belo Horizonte e continua suas atividades como professor.
Murilo Antunes
Em 1968, largou o banco para dedicar-se às letras e compôs sua primeira música, “Super Herói”. Aproximou-se e passou a escrever letras para a turma do Clube da Esquina graças às reuniões na garagem de Flávio Venturini – o maior parceiro de Murilo. Em 1972, presenciou a primeira audição do disco “Clube da Esquina”, na casa dos Borges. Em 1978, com sua composição “Nascente”, Murilo marcou presença no disco “Clube da Esquina 2”. Em 1979, lançou seu primeiro livro de poemas, “O Gavião e a Serpente”. De 1982 a 1988, foi sócio de uma agência de propaganda onde fazia capas de discos, cartazes e promovia shows de diversos artistas. Na década de 90 lançou o livro “Musamúsica”.
Célio Balona
O músico, compositor e multi-intrumentista começou a tocar profissionalmente aos 15 anos. O Conjunto Célio Balona foi um dos mais famosos de Belo Horizonte e teve a participação de Milton Nascimento, Wagner Tiso, Nivaldo Ornelas e outros músicos. Já atuou em vários países, sendo convidado especial do Festival Brasilien (Nice, França) e representante da América Latina no Yamaha Electrone Festival, no Japão. Após 10 anos morando em Florianópolis onde desenvolveu o talento como autor de trilhas para cinema, TV, vídeo e dança, voltou a Belo Horizonte e atualmente desenvolve os projetos Brasil de Antônia Zechetti, revisitando a obra de muitos compositores, inclusive do Clube da Esquina e o BR Groove que mescla instrumentos acústicos com musica eletrônica.
Chico Lessa
Em uma das muitas reuniões musicais que Chico participou, presenciou a composição da belíssima “Amigo é pra Essas Coisas”, de Aldir Blanc e Silvio da Silva Junior. Os ares do Rio de Janeiro e os festivais que pululavam naquela época, despertam o lado compositor de Chico Lessa, que classifica uma música no Festival da Globo. No disco do Som Imaginário de 1971, ao lado de Márcio Borges, Chico aparece com duas canções: “Você tem que Saber” e “Uê”. Em 1980, também ao lado do parceiro Márcio Borges, Chico participa do disco Os Borges com a canção “No Tom de Sempre”. Em 1982 grava seu primeiro LP, que contou com a participação de um time de ponta da música popular brasileira. Grandes músicos como Maurício Maestro, Wagner Tiso, Heitor TP, Jacques Morelembaum, Zé Renato, Rubinho Batera, Léo Gandelman, Cláudio e Paulo Guimarães, Ricardo Silveira, dentre vários outros, fizeram parte deste belo trabalho independente. Em 1994 Chico lança o também independente “O Orifício é o que não tem Parede”. Hoje Chico vive em Vitória, Espírito Santo e, além de se apresentar na noite, atua em projetos culturais, dando aulas de violão e harmonia em comunidades carentes.
Chiquito Braga
Acompanhou Tito Madi, Agostinho dos Santos e Sérgio Ricardo, nas apresentações desses artistas em Belo Horizonte. Atuou com Elizeth Cardoso, com quem chegou a fazer uma temporada de shows em Montevidéu. Em 1966, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a integrar a Orquestra Arco-Íris, da TV Rio e a atuar em estúdio.
Ao longo de sua trajetória artística, acompanhou vários artistas, como Taiguara, Gilberto Gil, Jards Macalé, Dorival Caymmi, Fafá de Belém, Alaíde Costa, Tim Maia, Leila Pinheiro, Gal Costa (Cantar e Gal canta Caymmi), Som imaginário (Matança do porco), Maria Bethânia (Drama), Chico Buarque, Tom Jobim, Caetano Veloso, Simone, Nara Leão, Zizi Possi, Fafá de Belém (entre 1976 e 1980), Guinga e Ed Motta.
Participou de trilhas sonoras de novelas da TV Globo, como “Irmãos Coragem”, “Gabriela” e “O Cafona”, e de filmes, como “Índia Filha do Brasil”, de Caetano Veloso. Em 2000, lançou o CD Quadros modernos, com Toninho Horta e Juarez Moreira, com os quais se apresentou pelo Brasil em show de lançamento do disco, que registrou, entre outras músicas, suas composições “Baião carioca”, “Prado” e “Prelúdio e dança de Oxum”.
Fredera
Em 1968, iniciou a carreira de músico profissional, adotando o contrabaixo como principal instrumento. Nessa época, conheceu alguns dos nomes que viriam a integrar o Clube da Esquina, como Milton Nascimento, Wagner Tiso e Marilton Borges. Convidado por Robertinho Silva, integrou a banda Som Imaginário, com a qual acompanhou Milton em diversos discos e shows nacionais e internacionais. Também participou de grupos como Turma da Pilantragem e trabalhou com artistas como Gilberto Gil, Raul Seixas e Ivan Lins.
Morou por três anos em Belo Horizonte, escondendo-se da repressão durante a ditadura. Desde 1984, reside em Alfenas onde passou a dedicar-se também às artes plásticas, literatura e ao jornalismo.
Helvius Vilela
Em 1961, participou do Festival de Jazz, no Rio de Janeiro, com “Pentápolis”, música instrumental de sua autoria classificada como a melhor da mostra. Apresenta sua canção “Coração que bate” no Festival de Bossa Nova, também no Rio, em 1962, considerada, pelo júri composto pelo Tamba Trio, como a melhor canção do evento. Participou do conjunto Célio Balona e, entre 1964 e 1967, formou o Tempo Trio com Pascoal Meireles e Paulo Horta, sendo responsável pelo primeiro registro fonográfico da obra dos parceiros Milton Nascimento e Márcio Borges, gravando a música “E a gente sonhando” Em 1965 e 1966, tocou em um conjunto que se apresentava no DCE (Diretório Central Estudantil) da Universidade Federal de Minas Gerais, cujo crooner era Milton Nascimento. Helvius também foi um dos sócios da boate Berimbau no edifício Maleta, local onde Milton Nascimento, Wagner Tiso e Marilton Borges fizeram suas primeiras apresentações com o Evolussamba.
Em 1968, transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro e passou a atuar, como multiinstrumentista, na noite carioca em casas como a boate Drink, e acompanhou os cantores Taiguara e Eliana Pittman em shows e gravações. Em 1969, formou o grupo Vox Populi, com o qual gravou um LP e viajou, em 1970, para temporada de shows no México. Permaneceu nesse país durante um ano, até a dissolução do conjunto. Em 1971, mudou-se para os Estados Unidos, onde trabalhou com músicos brasileiros e cubanos. Voltou para o Brasil em 1972, retomando sua atuação como instrumentista e arranjador ao lado de artistas como Elizeth Cardoso, Alceu Valença, Nana Caymmi, Tito Madi, Quarteto em Cy, Paulinho da Viola, Milton Nascimento e Família Caymmi, entre outros. Na década de 1980, atuou ao lado de Nivaldo Ornelas (Free Jazz Festival), Wagner Tiso (Festival de Jazz de Mar del Plata) e Edu Lobo (Free Jazz Festival), entre outros. Em 1982, gravou seu segundo LP, “Planalto dos cristais”, premiado, em 1983, com o Troféu Chiquinha Gonzaga como um dos 10 melhores discos independentes do ano.
José Serra
Em 1950 entra para a orquestra do Circo Garcia, que passava por Belo Horizonte. Nos cinco anos que acompanhou o circo, Serrinha trabalhou como Motorista de caminhão, motoqueiro do globo da morte e palhaço. Após uma longa temporada no Rio de Janeiro e São Paulo, Serrinha volta a Belo Horizonte e passa a trabalhar na TV Itacolomi, também como baterista da orquestra. Considerado um dos fundadores do Ponto dos Músicos – local onde profissionais se reuniam para conseguir trabalhos em bailes –, Serrinha formou sua própria orquestra arregimentando músicos freqüentadores do famoso Ponto. Com essa orquestra o maestro se apresenta por todo o Brasil e diversas vezes no exterior.
Guarabyra
Em fins de 1967, de novo no Rio de Janeiro, venceu a parte nacional do II FIC, da TV Globo, com a música Margarida, que interpretou com o grupo Manifesto. Em 1971 foi convidado para dirigir o VI FIC ao lado de Augusto Marzagão, assumiu a direção artística do Festival de Juiz de Fora e assinou contrato com a Odeon. Nessa época, com a participação de Zé Rodrix, foi formado o trio Sá, Rodrix e Guarabyra, que gravou dois LPs na Odeon, Passado, presente, futuro e Terra. Em 1973, quando Zé Rodrix se desligou do grupo, surgiu a dupla Sá e Guarabyra, começando com dois LPs pela Odeon: Nunca, ainda em 1973, e Cadernos de viagem, em 1975. O disco Pirão de peixe com pimenta, Som Livre, 1977, considerado o melhor da dupla, inclui o sucesso “Sobradinho”, um xote moderno. Em seu décimo aniversário, 1983, a dupla gravou 10 anos juntos, RCA, disco que inclui sucessos como “Espanhola” e “Caçador de mim”, e que marca o fim do rock-rural. A partir daí, a dupla desenvolveu um som mais urbano, como em Paraíso agora, RCA, 1984, com os sucessos “Capitão da meia-noite” e “Cheiro mineiro de flor”.
No ano seguinte, foi lançado Harmonia, RCA, o disco mais popular da dupla, com “Roque Santeiro”, “Verdades e mentiras” e “Dona” (gravada pelo grupo Roupa Nova). Os lançamentos seguintes foram: Cartas, canções e palavras, RCA, 1987; Vamos por ai, Eldorado, 1990; Sá & Guarabyra, Eldorado, 1993; Sá & Guarabyra, Eldorado, 1994. Em 1996, a dupla fez um show no Canecão, no Rio de Janeiro, com Beto Guedes.
Em 1997 foi lançado o disco Rio-Bahia, pela RGE. Sá continua trabalhando com jingles publicitários. Guarabyra lançou seu primeiro livro de ficção, O outro lado do mundo.
Sua primeira canção gravada foi “Baleiro”, em 1965. Logo depois Peri Ribeiro lançou “Giramundo”, primeiro sucesso do compositor. Teve também sua música “Menina de Hiroshima” (com Chico de Assis) gravada por Nara Leão. Em 1965 trabalhou com o grupo do Teatro Opinião e participou do show Samba Pede Passagem, em que se apresentaram, entre outros, Araci de Almeida, Baden Powell e MPB-4. Na RCA gravou um compacto simples com “Inaiá”, classificada entre as finalistas do I FIC, da TV-Rio, em 1966, juntamente com “Canção de Quilombo”.
Convidado pela TV Excelsior, de São Paulo, exibiu-se em 1967 no programa Ensaio Geral, ao lado de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Sidney Miller e outros. Sá é Formado em direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro. No ano de 1971, ao lado dos companheiros Zé Rodrix e Gutemberg Guarabyra, monta um trio que, à sua maneira, marcou as vidas de todos com que eles cruzaram, ouviram suas canções e vivenciaram aqueles momentos: SÁ, RODRIX & GUARABYRA, um super grupo que lançou a expressão Rock Rural. Após a saída de Zé Rodrix, a dupla Sá & Guarabyra continuou e fez um grande sucesso na década de 80. Também, ao lado do contrabaixista do 14 Bis, Sergio Magrão, Sá compôs “Caçador de Mim”, sucesso gravado por vários artistas e que deu nome a um dos discos de Milton Nascimento.
Zé Rodrix
No início dos anos 70 fez parte do Som Imaginário, banda que acompanhou Milton Nascimento. A música “Casa no Campo”, composição de Zé Rodrix e Tavito, ganhou o festival de Juiz de Fora em 1971 e foi gravada por Elis Regina. Formou o trio Sá, Rodrix e Guarabyra lançando o segmento musical de rock rural. Remontou o grupo Joelho de Porco que gravou, em 1983, o LP duplo “Saqueando a Cidade”. Além de fazer música, Zé Rodrix já atuou e atua como jornalista, professor, cozinheiro e escritor, lançando o livro “Diário de um Construtor do Templo”, em 1999. Atualmente, participa do Clube Caiubi – que tem como prática diária discutir música – entre outras atividades artísticas.
Nivaldo Ornelas
Foi um dos fundadores do Bar Boite Berimbau, clube noturno de BH onde Nivaldo conheceu Milton Nascimento e Wagner Tiso, marcando sua entrada no que viria a ser o Clube da Esquina. A convite do saxofonista Paulo Moura, mudou-se para trabalhar com música no Rio de Janeiro. Integrante do extinto grupo Som Imaginário, atualmente, dedica-se à música de câmara. Uma de suas maiores contribuições ao Clube da Esquina foi o conhecimento de teoria musical que compartilhou com os demais músicos que integraram o movimento, reforçando o caráter virtuoso do estilo dos colegas.
Novelli
Com um grupo de amigos, no final de 1962, fundou o “Nouvelle Vague” o conjunto de bailes no qual era crooner e que lhe rendeu seu nome artístico, Novelli. Em 1965, o “Nouvelle Vague” mudou-se para Recife. Naquele mesmo ano, Novelli incluiu o baixo acústico em sua performance e fez dele seu principal instrumento. Meses depois, retornou ao Rio de Janeiro e passou a trabalhar como baixista na noite carioca. Nessa época, conheceu Milton Nascimento, Wagner Tiso e outros membros do que viria a ser o Clube da Esquina. Em 1978, participou da gravação do disco “Clube da Esquina 2”.
Pacífico Mascarenhas
Foi graças ao sucesso do Quarteto Sambacana que conheceu o Milton Nascimento também em 1964, quando recebeu em sua casa a visita de alguns músicos de Três Pontas. Como achou que o Milton Nascimento cantava muito bem, convidou-o a participar das serenatas que realizava em Belo Horizonte e também decidiu levá-lo ao Rio de Janeiro para apresentá-lo a alguns representantes de gravadoras. Com esse contato com o Milton conheceu os outros membros do Clube da Esquina, como o Marilton Borges e o Márcio Borges.
Túlio Mourão
Aos 15 anos veio para Belo Horizonte e participou do I Festival Estudantil da Canção, onde conheceu Lô Borges, Beto Guedes, Tavinho Moura, Márcio Borges e Toninho Horta – de quem foi aluno de teoria musical. Iniciou o curso de Arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais, mas o abandonou para ir ao Rio de Janeiro estudar música. No Rio de Janeiro classifica a  música “Corpo a Corpo”, parceria com Nelson Motta, no último Festival Internacional da Canção. Na mesma época conhece o guitarrista Sérgio Dias, que o convida a integrar o grupo Os Mutantes. Com essa banda grava o belíssimo disco Tudo Foi Feito Pelo Sol. Por 12 anos Túlio Mourão integrou a banda de Milton Nascimento e participou dos discos Caçador de Mim, Missa dos Quilombos, Anima, Encontros e Despedidas, Yuaretê, Milton Nascimento e RPM, Miltons, Txai, Ângelus e Amigo. Também, em carreira solo, Túlio lança alguns importantes discos. Destaque-se o primeiro álbum, Jasmineiro (1984), onde Túlio ressalta a importância da música mineira.
Cafi
Pernambucano e em 1968, conheceu Ronaldo Bastos que o apresentou para o restante da turma do Clube da Esquina.
Nessa época, ele começou a trabalhar com os novos amigos, assinando as fotografias de diversas capas de discos, inclusive a emblemática capa do álbum Clube da Esquina, de 1972, com os dois meninos.
Mais tarde, com Ronaldo Bastos, Cafi fundou a “Nuvem Cigana”, produtora especializada em poesia e artes visuais. A partir de então, realizou trabalhos para grandes nomes da música brasileira e hoje é reconhecido por seus trabalhos com capas de discos.
Tavito
Em 1965, conheceu Vinicius de Moraes, que o convidou para participar de um show em Belo Horizonte, tocando com Baden Powell.
Na capital mineira, foi jurado de um festival da prefeitura em que estava inscrita a música “Clube da Esquina”. Foi quando a ouviu pela primeira vez, chegando a gravá-la posteriormente, já com o Som Imaginário.
Em meados dos anos 60, passeando de madrugada pela cidade com amigos, deparou-se com rapazes tocando violão dentro de um carro. Pediram para ouvir e foram bem recebidos: tratava-se de Marilton Borges e Milton Nascimento, que logo tornaram-se amigos. Em 1968, foi para o Rio de Janeiro profissionalizar-se, deu aulas de violão, reencontrou Milton e ingressou no Som Imaginário. Depois desse grupo, lançou-se em carreira solo e passou a dedicar-se à composição de jingles.










BORGES, Márcio; Os sonhos não envelhecem, histórias do Clube da Esquina. Editora Geração Editorial.

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